Toda a minha vida ouvi dizer que Portugal tinha assimetria litoral / interior, mas quando abri o jornal na terça-feira e vi este mapa:
Mapa cruzado da competitividade e da coesão, Jornal Público, 29/11/05Pus-me a ler o artigo. Era sobre um estudo do economista Augusto Mateus acerca dos resultados, ao nível da coesão e competitividade, da aplicação dos fundos estruturais em Portugal, nas duas últimas décadas.
Bla bla bla, que não vos interessa…
Queria só deixar-vos algumas ideias do estudo, que acho que são importantes para nós, Portuenses, Nortenhos. Quem estiver interessado, poderá perguntar:
O que é que o estudo diz?«O Índice Sintético de Competitividade e Coesão Territorial mostra que o país está mais coeso do que no início da década de 90, mas com mais assimetrias competitivas, o que o tornou, nesse balanço cruzado, mais desigual»
«Índice [cruzado da competitividade e da coesão] oscila entre mínimo de 45,6 e máximo de 155,7 % da média nacional»
Qual é o principal prejudicado?«Em divergência com a própria rota geral de ganhos de coesão, a região Norte atravessa uma crise»
O Norte está a perder. E o Grande Porto?«Regiões perdedoras na coesão e competitividade territorial: Grande Porto (a perder avanço)»
«Os dois principais pólos de desenvolvimento económico e social do país, a Grande Lisboa e o Grande Porto, estão a afastar-se, com prejuízo para o segundo»
Qual é o principal beneficiado?«Na competitividade a única ganhadora é Lisboa e Vale do Tejo, que também ganha na coesão»
«O espaço de concentração dos melhores níveis de coesão tem por base o Tejo»
Qual é a conclusão?«O modelo de desenvolvimento económico e social originou um processo de divergência global, onde a região mais desenvolvida se tornou ainda mais desenvolvida e as regiões menos desenvolvidas ficaram um pouco mais para trás»
Este fenómeno só é mau para as regiões menos desenvolvidas?«Este apontado desequilíbrio conduziu à estagnação do crescimento económico [do país] e à travagem da convergência no espaço europeu»
O que é que o estudo recomenda?«Reforço significativo dos recursos em regiões como a zona envolvente do Grande Porto»
O comentário ao estudo, do jornalista Manuel Carvalho com o título sugestivo «O país unipolar», remata: «Seria bom que o governo lesse com atenção as propostas do estudo e lançasse finalmente as bases para o desenvolvimento multipolar do país».
Pelos vistos, a assimetria é outra:
Lisboa e os seus vizinhos do Tejo / resto do país. Para suavizar o choque de ver este novo mapa, basta ligar a televisão e assistir como se discute afincadamente a construção de mais um aeroporto de Lisboa e a rede de alta velocidade…
Resta-nos esperar que a Leopoldina nos traga um milagre este Natal.