três anos
Foi a primeira que me lembrei hoje ao ver a data. Faz três anos hoje que eu estava a ser acordado por um telefonema, da namorada na altura, para ir ver as notícias a correr. Só se falava disso em imensos canais na televisão nos últimos minutos. Ainda não se sabia se era um acidente ou atentado. Quando ligo a televisão vejo um avião a ir contra um prédio. Perguntei em que canal é que estavam a dar as notícias porque no canal de que ela estava a falar estava a dar um filme. Depois de uns momentos de silêncio, chocado, apercebi-me que afinal aquele era mesmo o canal das notícias e que eu tinha acabado de ver a confirmação do atentado com um segundo avião a atingir o segundo prédio, pois já havia um a fumegar. O que é que estava a acontecer? Só se via pessoas em pânico a fugir no meio da rua, como se houvesse uma invasão alienígena, o trânsito parado e toda a gente a olhar para aqueles dois gigantes de cimento prestes a cair. Como é que Estados Unidos estavam a sofrer um ataque daquela proporção, sendo eles os polícias do mundo? Como é que eles não estavam protegidos contra uma coisa destas com tantos inimigos espalhados pelo mundo? Só pensava que se tivesse sido em Portugal não tínhamos nenhuma hipótese contra qualquer acto terrorista. A minha mãe regressava nesse mesmo dia de Bruxelas e o avião dela era só ao fim da tarde. Será que ainda a iam deixar voltar naquele dia? Sendo Bruxelas uma cidade importante da europa, quase a capital da europa, será que não ia sofrer um atentado também? O atentado que viamos na televisão era a muitos quilómetos dali, mas mesmo assim já se receava um ataque bem mais perto. Foi um dia angustiante para toda a gente.
Li hoje no jornal que 98% dos americanos se lembram exactamente onde estavam nesse dia a assistir a essas mesmas notícias. Os restantes 2% devem sofrer ou de amnésia devido ao trauma ou então estavam em algum ilícito e não podiam dizer onde se encontravam na altura. Tal como aquele divórcio que houve porque o marido recebeu um telefonema da mulher a perguntar onde estava. Ao que ele respondeu: «Onde querias que estivesse? Estou no escritório a trabalhar, claro! Porquê é que perguntas, passa-se alguma coisa?»
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